Naufrágio do século 17 é identificado como navio de guerra sueco Falken

Após meio século desde sua descoberta, pesquisadores confirmaram a identidade de um naufrágio localizado na costa de Porkkala, no Golfo da Finlândia. Trata-se do Falken, uma luxuosa embarcação sueca do século 17 utilizada tanto em ações militares quanto no transporte de figuras da alta hierarquia da época, incluindo reis, conselheiros e diplomatas.

A embarcação era uma pinace — navio ágil e ricamente decorado, semelhante a uma versão reduzida do Vasa, famoso navio de guerra sueco do século 17 que afundou em sua viagem inaugural e foi recuperado quase intacto em 1961.

Construído entre 1630 e 1631, provavelmente por Hein Jakobsson, o Falken media cerca de 35 metros e estava equipado com 16 a 20 canhões, distribuídos ao longo das laterais. 

Apresentava três mastros, proa alongada em estilo galé e ornamentação escultural elaborada. Ao contrário dos grandes navios de guerra que pouco navegaram antes de naufragar, ele teve vida ativa e longa.

Segundo o arqueólogo marítimo Niklas Eriksson, da Universidade de Estocolmo, que liderou os estudos recentes, o Falken é o naufrágio mais antigo já identificado em território finlandês por meio de fontes escritas, com nome original conhecido.

Em comunicado divulgado pela instituição, o arqueólogo explicou que a confirmação foi possível graças a uma combinação de documentação histórica e evidências arqueológicas. Entre os materiais analisados está um modelo 3D do naufrágio, criado pela Sociedade Finlandesa de Arqueologia Marítima a partir de expedições de mergulho.

Embora o casco tenha se desfeito com o tempo, grande parte da estrutura permanece no local. Isso permitirá, com documentação detalhada, uma reconstrução digital do navio — o que pode revelar tanto sua aparência completa quanto pistas sobre seu funcionamento e os motivos que levaram ao seu naufrágio.

Naufrágio

Projetado a pedido direto do rei Gustavo II Adolfo, o Falken possuía cabines mais espaçosas e confortáveis do que o padrão de sua classe. Após a morte do rei, em 1632, a embarcação continuou em serviço sob o reinado de sua filha, a rainha Cristina.

Durante duas décadas, o navio foi utilizado em missões militares e como transporte de alto padrão para autoridades. Uma dessas viagens, no entanto, marcaria seu fim. No outono de 1651, após levar o conde Erik Stenbock à cidade de Narva, na atual Estônia, o Falken encalhou na península de Porkkala a caminho de Estocolmo.

As circunstâncias do acidente permanecem desconhecidas. Na tentativa de conter os danos, o navio menor Ugglan foi enviado para auxiliar a tripulação e recuperar armas e equipamentos.

“O Falken era um navio que, ao contrário de outras embarcações grandes e mais conhecidas, como Vasa, Kronan, Äpplet ou Mars, viajava com frequência", afirmou Eriksson."Este navio esteve presente em muitos eventos históricos significativos e famosos, e o seu naufrágio pode nos ensinar muito sobre a aparência, o funcionamento e a decoração de uma estrutura importante como essa”.